sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Quanto vale o seu preconceito?

Ele é impagável - considerando que tal crime é inafiançável. Entretanto há quem tenha feito a, não mais incrível façanha, de burlar a legislação brasileira e ter, descaradamente, pagado por um crime de racismo, homofobia, ou qualquer outras formas de discriminação.
Quer ver se sua mente é realmente cheia de preconceitos? Muito simples, passe a se policiar. Você vê um negro cruzando a rua em direção à sua faixa de calçada e entra em pânico, porque tem absoluta certeza de que vai acontecer um assalto. Mais ainda, chama crianças de rua de vagabundas porque acredita veementemente que elas estão em tal situação porque querem, acham divertido.
O pior tipo de preconceito, ao que me parece, contudo, é aquele que surge contra nós mesmos, sem que percebamos. Como modo de ilustrar esse pensamento eu cito uma pesquisa realizada na cidade de Salvador. Nessa metrópole, 85% da população é negra, entretanto pouco mais que 10% se declararam afrodescendentes em censo realizado recentemente.
Quando o preconceito é eufemismo de hipocrisia tudo se torna repugnante de tal forma, que me pergunto se é possível um ser humano sentir tudo isso. Isso acontece, via de regra, quando contribuímos para campanhas de pessoas soropositivas, ou ainda quando fazemos doações para fundos de apoio a prostitutas, mas no fundo sentimos repulsa e nos mataríamos se isso ocorresse em nossa família.
Nos últimos tempos, entretanto, a sociedade tem reagido de forma mais sincera sobre os modos de encarar a diversidade. Isso é comprovado facilmente se olharmos para as telenovelas, que têm cada vez mais abordado temas que outrora seriam considerados inconvenientes, como no caso das lésbicas da novela Torre de Babel (Rede Globo). Hoje, como se sabe, casais gays fazem muito sucesso.
O preconceito entra em xeque-mate quando aquilo que mais detestamos ocorre dentro de casa. Aí faço remissão a uma antiga piada - carregada de preconceitos. "Qual a diferença entre viado e homossexual? Viado é o filho do vizinho, e o homossexual é o meu". Encaramos a situação de modo difícil porque nunca esperávamos que a piada que mora ao nosso lado tenha graça dentro de nossa casa.
Preconceitos são base de insegurança e servem para contribuir para a formação de uma ética deturpada, sem moral. Devem ser abolidos porque marginalizam grupos sociais face a esteriótipos com que são revestidos. Lembro de um amigo com quem aprendi muito do que sou. Devo encerrar esse artigo com o pensamento dele: "não importa se negro ou branco, gay ou hétero, gosto das pessoas pelo que elas são por dentro".

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