Morre o Rei do Pop

Quando navegava ontem por sites de notícias, deparei-me, no final da tarde, com uma chamada discreta em uma página da globo.com que anunciava que Michael Jackson havia sofrido uma parada cardíaca e havia sido, às pressas, internado no Hospital Universitário de Los Angeles. Instantes depois, com os rumores da morte do cantor, as mídias do mundo todo voltavam os olhos para a Costa Leste dos Estados Unidos, de onde, mais tarde, viria em definitivo a confirmação do óbito do pop star.
E aí tudo mudou. O choque precedeu a incredulidade, procedida pela inconformidade. O mundo calou-se; atônito, esperando respostas, que ainda não vieram. Sequer é sabido o motivo da morte do cantor; o que se sabe, por enquanto, é que tudo começou com um mal-estar, motivador da parada cardíaca que colocou o astro em coma, e depois o levou à morte.
A trajetória de Michael Jackson atrai até mesmo aquele mais alheio à vida das celebridades. Como o menino prodígio do Jackson 5 se transformou no adulto problemático? O caçula do grupo musical dos cinco irmãos desde cedo demonstrou um carisma e luz própria, sem precisar se apoiar em mais ninguém. Aos 11 anos, Jackson já era cantor profissional. Era o início de uma ascenção meteórica.
Michael Joseph Jackson revolucionou a música; rompeu a barreira do preconceito; universalizou a música - outrora dividida na dicotomia black music e white music. Foi o primeiro artista a ter quatro músicas de um único álbum no topo das paradas americanas. Thriller, disco de 1982, é o mais vendido de todos os tempos, com 104 milhões de cópias em todo o mundo. Além desse, quatro outros trabalhos do artista figuram na lista dos discos mais vendidos em toda a história.
Mas a carreira do astro tornou-se controversa quando começou a se diluir na turbulência que era sua vida pessoal, marcada por escândalos, e fez com que o astro fosse do extremo sucesso à bancarrota. De milionário, Jackson passou a endividado.
Envolveu-se em dois casos de pedofilia; de um saiu inocentado; de outro, saiu acordado com uma cifra milionária que teve de pagar. Michael começou a ser associado à sua imagem polêmica; à sua saúde fragilizada, cada vez mais dando sinais de exaustão. Essa, aliás, sinalizava o vício do pop star em analgésicos, adquirido a partir de um tratamento para curar uma queimadura que ele sofreu durante as gravações de um comercial da Pepsi.
Jackson despontou pelo inegável talento que tinha para música. Tornou marca própria seu estilo inconfundível. Penso, entretanto, que o que marcou a carreira do astro foi sua tendência de introspecção, que, beirando a auto-destruição, terminou por levar o Rei do Pop, na paráfrase de Cartola, ao abismo que cavou com os próprios pés.
Michael faria 51 anos em agosto, e estava se preparando para a volta aos palcos numa turnê em Londres que começaria em 13 de julho, e que já tinha todos os ingressos esgotados. Ele lucraria cerca de R$ 230 milhões com os novos shows. Os fãs lamentam profundamente. Em morte, Michael Jackson tem aproveitado uma renascença comercial que ele tentou por anos sem conseguir.