Prefácio à parte II
Foi naquela noite que associe a luxuria ao café e ao veludo. Tempos mais tarde descobriria que essa relacão, sobretudo a da cafeína, faria de mim um obstinado por sexo. Se para vocês parece algo confuso, desfaçam essa impressão, meu caros. Sexo é a coisa mais finita que existe, tanto por isso que imprimimos nessa efemeridade as impressões mais incomuns, mas as que mais nos agradam. Era no café e no veludo que eu pensava, quando Ana enfiou meu pênis em sua boca.
Preâmbulo de um orgasmo de veludo
um cheiro de café
e um suave boca versada no assunto
um cheiro de café
e um suave boca versada no assunto
Estremeci numa sensação inefável de câimbras desgovernadas, que me tiraram o equilíbrio do corpo e me inclinaram para frente. Sentia agora a glande de meu membro massageando as amídalas de minha prostituta. Minhas mãos deslizaram pelo seu rosto e repousaram em sua nuca. Chupava-me com uma maestria de movimentos perfeitos de vai e vem. Sentia meu membro palpitar em sua boca, e de olhos bem fechados pressenti que faria do veludo que se instalara no meu genital, a desembocadura do meu prazer. Nada melhor, caros leitores, que uma boca capaz de persuadir e de bem lhe chupar. A persuasão eu dominava; a arte de chupar, talvez não. Ana era exímia nos dois ofícios; as vésperas de um orgasmo cafeinado, ela evitou uma mistura precoce ao leite.
Pareceu-me demasiado inconveniente privar-lhes do eixo central de minha história nas linhas iniciais. Agora parece ser bem mais; entretanto algumas considerações são indispensáveis sobre o inóspito microcosmo do meu enredo.
O banheiro insalubérrimo
Tinha um vaso
uma pia
um cheiro de café
uma textura de veludo
um espelho muito velho
milhões de microorganismos
um roubador de histórias
e uma prostituta interventora
Tinha um vaso
uma pia
um cheiro de café
uma textura de veludo
um espelho muito velho
milhões de microorganismos
um roubador de histórias
e uma prostituta interventora
- Continue – disse-lhe quase sussurrando. Começava a transpirar, e arquejava como um moribundo sedento por água.
- Você quase gozou – retorquiu.
- Não era a intenção? - devolvi
- Ainda nem passamos do primeiro minuto.
Ela começou a desabotoar minha camisa, enquanto me chupava apenas a glande do pênis. Tentei, meus caros, juro que tentei, enfiar-lhe na boca, mas ela era perita: queria mesmo era me enlouquecer.
Tive que terminar de abrir a camisa no último botão. Ela ergueu as mãos sobre meu peitoral ate onde alcançava, encostou a boca novamente no meu membro latejante, deslizou as unhas sobre meu corpo ate meu saco escrotal – estremeci – e, com um olhar inclassificável, me disse algo que jamais esquecerei:
- Você tem um grande talento. - E retomou a chupada, imperativamente.
Começou pelo saco, e passeava sua língua nele como quem brinca com gelo de um lado para o outro na boca. Sentia-os alternar entre cada bochecha, e ela sempre a chupar com uma destreza e perfeição incríveis. Subiu lentamente para o pênis, avançando com a língua pela parte inferior. Engoliu-o e reiniciou o vai e vem. Fui mais ágil. Reposicionei minhas duas mãos por trás de sua nuca e fazia uma forca cada vez mais crescente, com o propósito doentio de que ela desbravasse o talo do meu genital. Desbravou. Anos mais tarde me ocorreu a risível ideia de que Ana degustava 22 cm de carnes maciças e bem articuladas de uma única vez, sem sequer demonstrar a menos ânsia de vômito. Entrementes, ela me marcava com suas unhas escorregadias e em instantes eu estava completamente enrubescido, um resultado e um calor insuportável, de uma meretriz com alma de leoa e de oral arrebatador.
Puxei seus cabelos abruptamente, ao que ela inclinou a cabeça para trás e me olhou, sem dizer uma palavra. Compreendeu, era ao meu domínio que tinha que se submeter. O fez. Segurei firme cada lado do rosto dela e voltei sua cabeça para uma posição em que sua boca e meu pênis alinhavam-se em perfeição. Comecei a desbravar lentamente o céu de sua boca, apenas com a cabeça, cada vez mais latejante, de meu caralho.
Um registro chulo
excita três vezes mais que pênis
set vezes mais que genital
ah! desperta seu instinto mais carnal
excita três vezes mais que pênis
set vezes mais que genital
ah! desperta seu instinto mais carnal
Fazia lentos movimentos de tira e bota, ate que acelerei o ritmo e fiz daquele longo orifício um ensaio de uma penetração vaginal. Arquejava demasiado, quando segurei mais firmemente a cabeça de Ana e meti-lhe meu pau sem a menor piedade. Ela se deliciava com minha brutalidade, delirava de olhos fechados e mãos sem rumo pelo meu corpo. Penetrava a boca dela incessantemente, sempre fazendo força na direção contrária em que meu pênis iria. Sentia novamente o prefácio do orgasmo cafeinado, mas não iria parar. Metia-lhe mais e mais e mais. Então aconteceu. Aquela sensação indescritível que começa pelos pés, aflora-lhe à virilha, e com um instantâneo espasmo, domina seu corpo. Meu canal urinário se dilatava para dar espaço ao fluido viscoso que levaria ao veludo milhões de combatentes meus. Quanto mais crescente essa sensação tanto mais forte eu metia-lhe na boca. Inclinei-me para frente e atolei meu caralho todo na boca dela, fazendo cada vez mais, com a cabeça dela, pressão na direção contrária. Quando por fim, encostei-lhe na garganta, gozei num alivio eterno, e um profundo nojo se apoderou de mim.
É incrível o que em menos de meio minuto fazemos nessas situações.
A ordem não importa
papel
gala
pênis
cueca
calça
camisa
porta
saída
papel
gala
pênis
cueca
calça
camisa
porta
saída
Instantes depois, Ana saiu do cubículo em minha direção.
- Um cigarro. - Disse com seu modo incomum de pedir as coisas.
- Você vai querer uma cópia da historia – perguntei-lhe ironicamente, enquanto lhe passava isqueiro e cigarro.
- Não. - Pausa para acender o cigarro. Uma longa tragada e: - Prefiro os originais. - E saiu vigorosa em direção ao bar.
Um comentário:
Não sou crítico literario, não sou o mais sábio dos homens...mas lhe digo caro amigo, além da impressão de ter lido o melhor conto de minha vida...acredito, ter tido a ereção mais instantania dos meus 25 anos...ahh, igualmente a Ana, roubei-lhe o texto...quero tê-lo em casa...parabéns pelo belissimo trabalho...
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