terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Aborte a hipocrisia

Outro dia, no Substantivo Plural, o depoimento de uma mulher trouxe à tona um debate pautada na pluralidade de opiniões e que muito causa balburdia ao menor sinal de discussão: o aborto.

Na ocasião, comentários diversos se alternaram indicando que os argumentos apontados - tanto os favoráveis quanto os contra - tinham certa pertinência à medida que se construíam distante do movediço terreno que é o radicalismo.

Ocorre agora que, numa situação dantesca e repugnante, o caso se repete, e convoco alguém a manifestar um posicionamento contrário ao tomado pela vítima de violência sexual, no final do ano passado, em São Gonçalo do Amarante.

O crime está amplamente divulgado na mídia, e traz, no rastro de sua barbárie, uma série de desdobramentos que outrora conceberíamos nos romances, mas não no plano real.

Violentada, a jovem que prefere não se identificar, engravidou de gêmeos. Testemunhas que estavam na noite do horror que chocou Natal confirmam haver apenas a possibilidade de um dos bandidos ser a geratriz do que classifico como uma aberração.

A jovem abortou. Corria risco de morto porque um dos fetos estava morto. Corria risco de sofrer uma lesão psicológica e na sua dignidade se mantivesse a gravidez resultado de um ato desumano.

Quem, diga-me, quem haveria de poder julgar essa jovem? Quem haveria de lhe olhar torto na rua em razão do aborto realizado na Maternidade Januário cico? Há alguém? Sim, há!

E fazem-no exatamente pelo motivo torpe de sempre, de quem não admite verdade alguma porque há um livro escrito por homens a quem se atribui autoria divina. Os frequentadores da Igreja Católica de Pitangui fazem dessa jovem uma Madalena moderna: apedrejam-na com seu olhar carregado de fúria e hipocrisia.

Quem haveria de julgar essa jovem por sua atitude? Há mais alguém?

Nenhum comentário: