Condessa de Tenha Dó

Era uma vez uma mulher despreparada que se meteu a condessa do Condado de Tenhá Dó. O minúsculo território tem a grandeza de um povo honesto, como em tantos outros condados, mas facilmente ludibriado por quem dispõe de um tempo em tv para falar sobre suas utopias, como é o caso da condessa.

A trajetória dessa mulher é como a de todos os outros abastados da sociedade de Tenha Dó. Nascida em berço de ouro, a condessa é filha de um importante duque que ocupou uma cadeira no Senado Monárquico da Terra do Pau Brasil.

Empresária e jornalista, a tola criatura se filiou ao Partido das Florestas (PF) para pleitear sua candidatura ao Condado de Tenha Dó. Venceu com sua lábia bem orquestrada e com promessas de elevar o condado a status de principado, quando há mais desenvolvimento no território. Animados com a possibilidade de uma nova mente administrar Tenha Dó, o povo se animou. Mas logo veio a frustração.

As promessas de campanha foram para o ralo junto com o seu prestígio, mas a condessa só sorri. Como assessora de imprensa de Tenha Dó ela é ótima, vende bem a imagem do lugar, tanto que conseguiu para o condado uma vaga para sediar a Copa do Mundo de Futebol.

A infeliz criatura vem com uma história na sua campanha: acabar com os alagamentos de Tenha Dó através de um plano de drenagens, que incluía a criação de parques nas lagoas de captação. Hoje, elas permanecem como esgotos a céu aberto, e Tenha Dó não pode ver água: tudo fica alagado. A assessora de imprensa também quis dobrar a área saneada de Tenha Dó, nas Zonas Norte e Oeste, mas até agora nada.

Na saúde, o programa da sáude familiar era para cobrir toda a população carente. Os coitadianos, naturais de Tenha Dó, permanecem desassistidos. "Esse é um compromisso que eu assumo com você", repetia Celeumina em sua campanha. Condessa de Tenha Dó é uma mulher sem palavra.

A condessa, iletrada que é, chafurdou na lama e cancelou o Encontro Natalense de Escritores. Agora vem dar um "L" na cultura de Tenha Dó: O Encontro de Lusófanos Escritores de Tarará não já é sem nunca ter sido.

Tenha Dó, futuramente, vai se tornar uma grande selva urbana. Como membro do Partido das Florestas, a condessa quer 800 mil árvores plantadas no condado, para deixar cada macaco no seu galho.

Para amenizar o trânsito, a despreparada lançou um tal de Via Livre, nas ruas, calçadas e ciclovias (num pingo de meio dia levem água quando forem pedalar), e aumentou, na surdina de um sábado à noite, a passagem dos ônibus municipais.

Disse-me certa vez um colega: "Se essa mulher ganhar as eleições lá na frente estaremos fu...". Estamos! Tenha dó, condessa, tenha dó!