Quanto vale um Governo sem palavra? Hoje, em que os acordos se estabelecem na escrita, acordados em reuniões que reunem nos os Executivos do Estado, a palavra parece não valer muito, mas é a primeira premissa que deve ser respeitada quando nos dão garantia de que um serviço será implantado.
Não tem palavra, pois, o Governo do Estado e o Governo Federal.
Na novela que se arrasta há dez anos, e cujo o protagonista é o Aeroporto de São Gonçalo do Amarante, com Governo Estadual e Federal no papel de anti-heróis, um novo episódio foi escrito ontem, direto do Planalto.
O secretário de Planejamento, Nelson Tavares, saiu da reunião com representantes da Casa Civil e do Ministérios do Planejamento e da Defesa com a função torpe de ser o condutor das más notícias. Designaram-no para nos dizer que o presidente não assinaria decreto de concessão à Anac, e que, por isso, o lançamento do edital, uma vez mais, foi adiado.
Duas semanas atrás, Tavares convou a imprensa para anunciar que esse prazo seria cumprido. Seria uma afronta deixar de lhe questionar uma coisa: o que lhe dava a garantia que dessa vez a promessa seria cumprida. Fiz essa pergunta ao secretário. Ele titubeou e respondeu:
- A palavra!
A palavra, secretário, é falha. Em tempos de coronéis, em que se media a honra pela afiniade entre o dizer e o fazer, a palavra era o maior instrumento de garantia. Ainda vivemos em temos de coronéis, mas aprenderam a dar nova finalidade ao sentido da promessa: justamente o oposto.
A palavra do Governo Estadual e Federal é vazia, bem como o canteiro de obras do aeroporto, que espera há anos por um desfecho de final feliz.
Agora, as novas promessas indicam que junho. Em junho, no meio da euforia da Copa do Mundo, período em que nosso Congresso já declarou que trabalhará em horário diferenciado, será pubicado o edital.
Em junho, no meio das quadrilhas de São João - e de outras que não fazem alusão alguma à cultura popular - sairá o bendito edital. Prometem Estado e União. Às favas as promessas dos dois. Esse edital só sai no próximo ano, quando a novela bater recorde e se tornar a primeira obra estatal a ter 13 temporadas.
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