da Folha de São Paulo
Um romance com citações eróticas e uma estátua dele próprio nu, vista por um "surpreso" colega em seu refúgio em Minas e comentada nos corredores do STF. Com um perfil que foge às formalidades da toga, o ministro Eros Roberto Grau, 69, está prestes a deixar a corte.
Depois de assumir a cadeira deixada por Maurício Corrêa em junho de 2004, o gaúcho Eros Grau tenta hoje, às 16h, uma vaga no "templo dos imortais", a Academia Brasileira de Letras.
A Folha apurou que ele tem o apoio de José Sarney, Marco Maciel, Moacyr Scliar, Carlos Nejar e Paulo Coelho. Ainda assim, o favorito à cadeira 29 é o diplomata e ensaísta pernambucano Geraldo de Holanda Cavalcanti.
Não é de hoje que Eros se dedica à literatura. No fim de 2008, cansado com o volume de julgamentos, lançou o 41º livro, o romance "Triângulo no Ponto", sua primeira aventura na ficção, que causou frisson na corte por seu conteúdo erótico.
Todos os outros de sua estante pessoal, começada em 1974 com o "Região Metropolitana: Regime Jurídico", estudo sobre o crescimento das cidades, foram escritos sobre as nuances e interpretação do direito no Brasil, na Itália e na Espanha. Um deles está na 14ª edição.
"Triângulo no Ponto" trata da vida de três personagens durante a ditadura (1964-1985), numa narrativa entremeada por cenas de sexo.
"A imprensa matou o livro. Por me chamar Eros, virou erótico. Se me chamasse Hermes, seria hermético", disse, quando recebeu a Folha em seu gabinete.
"Triângulo no Ponto" está na segunda edição. Apesar de a narrativa política predominar "sem nenhum excesso de linguagem", diz Eros, não passam despercebidas descrições como "válvula de sucção no lugar do sexo" com "sonoras flatulências vaginais pós-coito" sobre ex-namorada de personagem.
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