terça-feira, 27 de julho de 2010

O remo da pachorra

Seguem texto e imagem que levaram Fafá Rosado a processar Túlio Ratto, mais um cuja voz tenta ser amordaçada pelo DEM da Cuba potiguar, a Mossoró que merece uma classe política séria, a exemplo do resto do estado e quiçá do país.



Chuvas, inundações, destruição, gente desabrigada, doenças... Manchetes alarmantes que vimos ao longo do mês de abril em todos os meios de comunicação do Estado.
As chuvas torrenciais que castigaram o Rio Grande do Norte causaram transtornos e deixaram um saldo de mais de quinhentas famílias desabrigadas somente em Mossoró. A alegria de barragens sangrando em toda a região contrastava com a tristeza de centenas de famílias que abandonavam suas casas.

ara os mossoroenses a situação se tornou extremamente perigosa, por sabermos do habitual excesso de fleuma para com problemas considerados pequenos por parte da prefeita e do seu secretariado. Agora imaginem como eles não ficaram ao se defrontarem com algo considerado imprevisível, além de desesperador.

Só para se ter idéia da falta de planejamento e sensibilidade, a prefeita declarou em entrevista à imprensa que “é natural às pessoas sofrerem nessa época de chuvas”. E, enquanto o governo do Estado criava um “Gabinete da Crise” — agilizando assistência às vítimas —, a prefeita insistia no anúncio de medidas preventivas. Isso, sim, é natural.
Como é natural os papangus dizerem que as chuvas trouxeram muita mazela. 

E já que muitos da municipalidade não devem saber, já que encaram a tudo com a máxima naturalidade e de forma pachorrenta, informamos que entre as doenças mais comuns num período de enchentes estão a Hepatite A, as doenças respiratórias, as parasitoses (principalmente a ameba e a giárdia) e a febre tifóide. E, segundo especialistas, a dengue é uma doença que preocupa, porém numa fase posterior. 

Por conta das cheias, a leptospirose é algo que se deve ter maior preocupação. Mas essa análise, senhores e senhoras, deve ser levada em conta quando uma cidade não apresenta antes do período chuvoso um quadro já descambado para uma epidemia, como Mossoró estava antes de cair o primeiro pingo de chuva do ano.

Também é natural dizer que nessa administração nunca se viu eficácia em ações contra o mosquito. Ou será que os papangus estão brincando com um assunto tão sério?

É natural, excelentíssimos, que muitos atribuam esses problemas à falta de uma política administrativa e de planejamento. 

Mas, longe dos papangus qualificarem a administração de inoperante. É o povo que fala.
Contudo, não conseguimos vislumbrar melhorias, devido tanta pachorra encravada nessa equipe azulada. Remam, remam, e se encalham.

Todo gestor sabe que os grandes princípios que devem reger uma administração são os da eqüidade, da eficiência e da qualidade do serviço. 

E se tratando de Mossoró, que todo mês recebe uma grande bolada de royalties pagos pela Petrobras para explorar o nosso petróleo, espera-se bem mais do que sorrisos largos e dissimulados nos rostos dos “salvadores da pátria”. É ou não é?

Mas, uma cena hilariante fez com que os papangus se arrepiassem do dedo mindinho ao cocuruto, em abril. 

Enquanto milhares de desabrigados, depois de perderem tudo, sonhavam em retornar aos seus lares, uma comitiva de políticos, “preocupados” com o desespero dos desafortunados ribeirinhos, foi para a linha de frente das águas prestar solidariedade. 

Foi então que a prefeita, que não podia perder o ensejo, em episódio pitoresco, navegou em uma canoa ao lado da senadora Rosalba Ciarlini, de um canoeiro, e um cão — que fosse um ser pensante não se deixaria levar ao escárnio.

Navegar é preciso, diria o poeta. Só que o remo da pachorra — analisado somente de forma figurada até então —, imortalizou-se pelos cliques de vários fotógrafos mossoroenses.

Só esqueceram de avisar aos navegantes que o povo naquele momento não se satisfaria com aceno e beijinhos jogados entre os dejetos que o rio Mossoró progredia.

Na realidade, não perceberam que pegava mal fazer tour em canoa distribuindo tchauzinhos, enquanto o que os desabrigados queriam mesmo era assistência.

Mas é bom que se diga que eficácia mesmo da Mossoró da gente enlameada, nesses meses de enxurrada, é banhar-se na tese de que o nepotismo não é ilegal. Aí, sim, todo mundo “mergulha” sem medo de se afogar. 

Se bem que as tempestades e trovoadas partem de alguns promotores que pensam como a maioria dos brasileiros: o nepotismo é, no mínimo, imoral.

Para finalizar avisamos que não somos insensíveis a ponto de não destacarmos outro gol a favor da prefeitura — não poderíamos esquecer —, que é o de todo ano a municipalidade granjear prêmios do Sebrae. Em 2008, a prefeita Maria de Fátima Rosado Nogueira destacou-se na área de Royalties e Compensações Financeiras. Já recebeu o prêmio, inclusive.

Mas uma dúvida: será que só os papangus acham que já está na hora dessa good gestão ser digna de festejos?
Texto publicado na revista Papangu - Abril de 2008.

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