Mesmo com um colégio eleitoral pouco representativo, com 1,6% do eleitorado nacional, o RN volta a figurar no topo de mais uma lista em que pouco se tem a comemorar.
Dessa vez, esse Condado de Tenhá Dó foi classificado, em lista elaborada pela Polícia Federal, como o quarto estado da federação em que mais se cometem crimes eleitorais. No Nordeste somos líderes absolutos.
O principal crime (compra de votos) é culpa de quem se permite a tão pouco. "A compra de votos é um reflexo da falta de credibilidade e desesperança da população com os políticos", diz Sandra Cureau, vice-procuradora-geral eleitoral. Mas também imputemos aos fichinha- sujas, corolários parasitas de nosso sistema representativo, a responsabilidade pela prática do crime.
Só não ganhamos a medalha de bronze, porque os políticos de São Paulo, numericamente superior aos nossos, praticaram crimes eleitorais suficientes para render ao maior estado e ao maior colégio eleitoral do país a terceira colocação.
Rio de Janeiro e Minas Gerais, terceiro e segundo maiores colégios eleitorais, respectivamente, encabeçam a lista. Os flumineses levaram o ouro; mineiros ficaram com a prata.
Dói os olhos ler notícias como essas. Dói a cabeça a tentativa de compreender que coexistem um abismo insuperável nesse condado que imperra nosso desenvolvimento. Dói mais ainda saber que nossa extirpe política sobrevive disso, e não tentará mudar esse quadro.
Outubro está chegando. Mais um outubro, como tantos outros que virão, como todos que não significam mudança, mas a legitimação, a perpetuação da perversidade em que se tornou esse probre Condado de Tenha Dó.
Segue matéria da Folha de São Paulo. Mais uma notícia que toma de assalto a cena nacional para jogar luz sobre o abismo insuperável que é o Rio Grande do Norte.
Ranking da PF coloca Rio no topo dos crimes eleitorais
LUCAS FERRAZ
DE BRASÍLIA
Terceiro maior colégio eleitoral do país, o Rio de Janeiro lidera um inédito ranking da Polícia Federal sobre crimes eleitorais.
Nos últimos quatro anos, a polícia fez mais de 3.400 investigações no Estado para apurar delitos como compra de votos, caixa dois, inscrição e transporte irregular de eleitores e boca de urna.
Desde 2006, a Polícia Federal abriu mais de 20 mil inquéritos em todo o país para apurar crimes relacionados às eleições, desde os pequenos até os mais graves, o que resultou no indiciamento de mais de 5.500 pessoas.
Alguns dos políticos que tiveram os mandatos cassados no período foram alvos dessas investigações.
Em segundo lugar no ranking está Minas Gerais, segundo maior Estado em número de eleitores e onde a PF abriu 1.912 inquéritos nos últimos quatro anos.
O Estado de São Paulo, onde se concentra 22% do eleitorado, o maior do país, vem logo abaixo, na terceira posição, quase empatado com o Rio Grande do Norte, que tem 1,6% do eleitorado do país e que é o caso mais representativo do Nordeste.
O principal crime, considerado o mais grave para procuradores, juízes federais e policiais ouvidos pela, é a compra de votos.
Em seguida, dentre os delitos mais investigados pela PF, está o cadastramento irregular de eleitores, prática que é mais comum durante as eleições municipais.
"A compra de votos é um reflexo da falta de credibilidade e desesperança da população com os políticos", diz Sandra Cureau, vice-procuradora-geral eleitoral.
O balanço da Polícia Federal deve ser uma das ferramentas para tentar diminuir, no pleito deste ano, a ocorrência desses delitos.
A Polícia Federal, responsável por investigar crimes eleitorais, o Ministério Público Eleitoral e o Tribunal Superior Eleitoral deverão atuar em conjunto --um convênio entre esses órgãos ainda deve ser formalizado.
Segundo a Folha apurou, o esforço é para tentar obter provas e propor ações antes da diplomação dos políticos, e não depois, durante a vigência do mandato, o que dificulta a punição.
ATRASO
Região onde se concentra a maior parte dos inquéritos da PF, o Sudeste tem a liderança garantida pelo grande número de investigações no Rio de Janeiro.
"Ainda há muitos currais eleitorais, principalmente no interior. A política no Estado é feita de uma forma antiga e anacrônica", diz Silvana Batini, procuradora regional eleitoral do Rio.
Apesar da liderança do Rio nos inquéritos, o maior número de indiciamentos por crimes eleitorais ocorreu em Tocantins, (841 nos últimos quatro anos), Estado cujo governador foi cassado pela Justiça Eleitoral por abuso de poder econômico e político ao usar a máquina do Estado para se reeleger, em 2006.
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