O experiente Iberê Ferreira de Sousa, pensando na lisura, na transparência e até mesmo em sua campanha, pode ter dado um tiro no próprio pé. Se o tiro tivesse sido antes teria acertado a oposição, mas a essa altura é o próprio sangue que ele corre o risco de ver.
Cancelar os contratos dos projetos executivos e básicos da Arena das Dunas, celebrados sem licitação com dois escritórios especializados, foi uma ação tardia, embora a opinião pública aprove, porque deixa em situação mais delicada ainda Natal, apontada pela Folha de São Paulo como a cidade-sede mais atrasada de todas, exceto por São Paulo – mas São Paulo é São Paulo...
Direito de pergunta: Teria Iberê cancelado os contratos se não estivéssemos em eleição? Em que pese a lisura, a decisão do governador é interpretada com cunho político, ou seja, ao cancelar o contrato não licitado ele se livrou do problema de ver a oposição acusar o Governo do Estado de contratar milhões de reais sem concorrência pública e sem transparência.
A senadora Rosalba Ciarlini já dera declaração sutil quando sugeriu que em seu governo a transparência dos atos administrativos seria prerrogativa básica. Iberê não deixou por menos: sob a justificativa de não querer travar uma briga judicial cancelou os contratos.
A sociedade saúda a retidão do governador do Estado em tornar claros os procedimentos que só se sabiam a fundo quem frequentava a corte administrativa.
Pena que a retidão chegou tarde. Se Natal estava estacionada, a nova conjuntura aponta para algo indesejável: engataram a ré desse carro, e a coisa vai acelerar.
Se o tiro do governador acertar mesmo o próprio pé, a oposição terá um prato cheio: o justo direito de acusar o Governo do Estado de lento e de ter acabado com o sonho de brasileirinhos que nem sabem o que se passa direito nesse Condado, mas que gostariam de ver a Copa em Natal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário