quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

A Polêmica da Bunda


É incontestável que a Cidade do Natal é assolada pelo mal da prostituição. Também pudera, a capital potiguar tem um estoque de bundas morenas, brancas, pardas. Há bundas para todos os gostos - desde a trivial bunda da garotinha de 18 anos à bunda dos caras travestidos.
Durante anos o bumbum se impôs como uma importante ferramenta de trabalho. A História é repleta de exemplos: Cleópatra causou desgraça ao enlouquecer de amor Júlio César e Marco Antonio; sem falar de Helena, que causou uma guerra entre gregos e troianos. Tem ainda a famosa Marilyn Monroe, que incitou os desejos carnais até mesmo do mais casto dos homens. Vivas ao pecado.
Mas voltemos a Natal. Aqui o retrato da bunda se configura através da exploração sexual de garotas que estão sujeitas ao coito em discussão. Nos países estrangeiros, o paraíso sexual (referência para Natal) corre de boca em boca - masculina na maioria das vezes -, e pintam sobre nossa cidade um retrato que ostenta nossas chagas sociais, em detrimento ao que a cidade com ar mais puro das Américas tem a oferecer.
Em certa ocasião, dois antropólogos portugueses sugeriram que a prostituição coexistisse com outras formas de turismo dentro da cidade. Os vereadores se ofenderam. Ora mais, não defendo a prostituição porque ela fere a dignidade humana (salvo caso em que há vocação), mas a proposta merecia discussão antes de ser rechaçada, uma vez que sugeria que órgãos públicos "regulamentassem a profissão".
Tenho quase certeza que os dois antropólogos portugueses talvez quisessem desfrutar de tal deleite (caso sua proposta fosse aceita). O que mais revolta é que o estardalhaço que os vereadores fizeram serviu apenas para manifestar um repúdio dispensável - isso mesmo, dispensável. Se o leitor atentar para os fatos, verá que não há nenhuma manifestação de repúdio contra a situação de pobreza em que vive a maior parte das garotas que se prostituem, não há nenhuma menção sobre combater esse mal de forma efetiva. Não há nenhuma ação concreta.
O serviço já evoluiu tanto que existem cerca de mil garotas cadastradas na Associação de Prostitutas do Rio Grande do Norte (Asprorn). Esse é um dado assustador, tanto quanto saber que o Brasil, Tailândaia e Filipinas respondem por 10% da prostituição mundial.
Combater a prostituição nessa cidade está além de distribuir panfletos em hotéis repugnando tal ato. É necessário primeiramente que se entenda que as garotas que fazem isso são induzidas a esse caos humano porque vivem em condições desumanas e não tem acesso a serviços básicos como educação. Deve-se impor uma política que intimide o turista que vem a Natal apenas pela bunda, implantado leis mais severas (e como leis quem faz são os vereadores, já sabe onde isso vai dar...).
Enquanto a bunda for um instrumento de influência sobre muitas mentes, haverá essa questão social. Não nego que o bumbum é uma dádiva de Deus. Ele é belo, mas deve ser conquistado. Até lá ele vai circular pelas ruas de Natal em salto alto, mini-saia, e um top curto, e, claro, cobrando alto pelo seu uso.

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