quinta-feira, 13 de maio de 2010

Absurdo (no) coletivo

A cena lamentavelmente se repete.

A da vez foi no terminal do largo Dom Bosco, na Ribeira.

Um senhor pede que o motorista abra a porta de trás para que ele suba. Ostentava sua carteira de identidade meio metro acima de sua cabeça. Temia não entrar.

Quase não entra.

"A obrigação do senhor é motrar essa por%@ aqui na frente".

Eu não me contive com o despreparo e falta de cortesia do motorista petulante.

Questionei o motivo da grosseria e argumentei que se o senhor, agora acanhado no fundo do onibus, não sabia daquele fato deveria ser alertado educadamente.

O motorista resmungou e deu partida no ônibus.

O cobrador me fitou com fúria. Danem-se os dois.

Danem-se todos os mal educados que acreditam que beberam da fonte da juventude.

Envelhecer é um processo natural e irremediável. Há pessoas que abominam a ideia.

Outras se martirizam em pensar a velhice pode trazer como colega a dependência.

Mas o que fazer num caso desses?

Antes de descer, orientei o senhor que ele poderia procurar a delegacia do idoso e prestar queixa pela agressão.

Não sei se ele foi e fico me questionando que tantos outros que também não vão por medo. Porque no registro da queixa coabitam denuncia e represália. Mas não pode ser assim.

A invisibilidade que reveste essas classes sociais que só tem direitos atendidos à muita custa é repugnante e deve ser combatida. Bem como quem se utiliza da fragilidade alheia para evocar uma supremacia que nunca existiu.

Um comentário:

Erik Oliveira disse...

Aqui em Natal tem um monte motoristas filhos da puta! Tratam mal as pessoas. Um dia eles se ferram numa desgraça única e sem volta.