da Folha de São Paulo
Marina anuncia Leal como vice e adota discurso ético
A senadora Marina Silva confirmou ontem que o empresário Guilherme Leal, da Natura, será o vice de sua chapa à Presidência pelo PV. O anúncio foi feito na festa de lançamento da pré-candidatura, em Nova Iguaçu (RJ).
Marina disse que o fim do suspense dará novo ânimo à campanha. "A grande conquista foi ter o vice dos nossos sonhos. Agora estamos completos, com as duas pernas."
Cortejado pela senadora e por dirigentes do PV, Leal disse ter atendido a uma "convocação impossível de ser negada". "Escolhi Marina para presidente antes de ela me escolher como vice", brincou.
O empresário comunicou a decisão a Marina na sexta-feira. Ele terá a missão de aproximá-la de potenciais doadores de campanha.
É apontado como um dos homens mais ricos do país -a revista "Forbes" estima sua fortuna em US$ 1,2 bilhão.
No palanque, Marina reforçou as críticas ao PT, do qual saiu em agosto de 2009, acusando o partido de ter perdido a "capacidade de se conectar com as utopias do século 21".
A senadora endossou ideias defendidas pelo pré-candidato do PSDB, José Serra, como o combate à corrupção e a defesa de mudanças na segurança pública, mas afirmou que não "fará o jogo" do tucano na eleição.
"Algumas pessoas dizem: "A senadora está fazendo o jogo do Serra. (...) Tenho muito respeito e até carinho pelo Serra e pela Dilma [Rousseff], mas não estou fazendo o jogo de ninguém. Estamos fazendo o jogo do Brasil", discursou.
Marina comparou críticas à sua pré-candidatura a ataques sofridos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva à época da fundação do PT, em 1980: "O pessoal da esquerda dizia para o Lula que ele estava fazendo o jogo do Golbery [do Couto e Silva, chefe da Casa Civil na ditadura militar]. Mas o Lula estava fazendo o jogo da democracia".
Ela indicou que usará o discurso da ética como plataforma eleitoral, embora hoje em dia pareça "meio chato e udenista" falar em valores na política.
"Queremos uma política baseada em princípios que nos levem a uma ação de intolerância com a corrupção."
Após elogiar o Bolsa Família, Marina fez críticas indiretas a Lula. Disse que os líderes devem se comportar como mediadores e não como condutores do povo.
"Um líder não pode e não tem como saber, sozinho, o que é melhor para o povo", afirmou. "Temos que aprender a nos dispor à coautoria, em vez da exclusividade do feito."
A senadora voltou a defender o legado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), aliado de Serra. Sem a estabilização econômica, argumentou, os programas sociais da gestão petista não teriam saído do papel.
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