Sabatinada pela Folha e pelo portal UOL, a candidata à Presidência da República pelo Partido Verde, Marina Silva, expôs seus posicionamentos sobre política e sociedade.
Marina não vê diferença entre Dilma e Serra. "Os dois têm uma visão desenvolvimentista" e alfinetou seu antigo partido, o PT, afirmando que a legenda já não tem "capacidade de ter visão antecipatória".
Sobre adoção de crianças por homossexuais, a candidata se mostrou incapaz de avaliar o assunto, mas foi taxativa ao afirmar ser contra o casamento entre iguais entre iguais.
Leia, com adaptações, o que pensa Marina Silva sobre esses e outros assuntos.
Sucessão presidencial
Como diz a música do Caetano Veloso, o presidente Lula aprendeu a dor e a delícia de ser o que é. Por não ter sido capaz de enfrentar todas as dificuldades, ele precisa de um sucessor, não de um continuador. O Brasil precisa de um sucessor, e não de um continuador ou um opositor. O opositor tende a jogar tudo na lata do lixo, e o continuador acha que já está tudo pronto e basta seguir acelerando até o nirvana político.
Papel na disputa
A gente ia fazer um plebiscito para discutir quem é mais desenvolvimentista, quem é mais gerente, quem tem mais currículo e quem tem melhor passado. Será que essa é a discussão que interessa? É por isso que estou aqui: para quebrar o plebiscito.
Dilma e Serra
Não estou sendo generosa nem condescendente com nenhum dos dois. Estou me esforçando muito para ser justa, e isso não é fácil. A Dilma e o Serra são muito parecidos, totalmente parecidos. Os dois têm uma visão desenvolvimentista, crescimentista. Não vejo diferença.
Saída do PT
Saí pelas mesmas razões que fiquei durante 30 anos. Bastaria [para não sair] o PT estar comprometido com a agenda da sustentabilidade e ter um candidato com o compromisso de fazer a transição para uma economia de baixo carbono. Eu seria cabo eleitoral, como sempre fui, do presidente Lula. Não precisaria ser candidata. [O partido] perdeu a atualidade, a capacidade de ter visão antecipatória das coisas.
Embates com Dilma
Minha saída [do governo] foi a maior explicitação das divergências. Se fosse ficar contando bastidores de reuniões, eu resvalaria para a falta de ética. Mas não quero me fazer de vítima. Não era. Nós discutíamos de igual para igual. Existiam coisas em que divergíamos, e quem decidia era o presidente Lula.
Política externa
O Brasil acertou quando se voltou para outras regiões do mundo, como a África. Em relação ao Irã, vejo com preocupação [a aproximação], porque cria uma audiência para um país que desrespeita os direitos humanos e tem presos políticos. Acho temerário, porque temos uma cultura de paz.
Apologia do pré-sal
O petróleo é um mal necessário. Temos que utilizar essa fonte de energia e fazer com que sua riqueza produza, até meados do século, a tecnologia que vai substituí-la. Agora, as pessoas estão fazendo a apologia, pura e simplesmente, do pré-sal.
Transgênicos
Nós deveríamos ter um modelo de coexistência, uma legislação que permitisse áreas com transgênico e áreas sem transgênico. Para isso, precisaríamos ter um regramento que protegesse os plantadores de ter suas plantações contaminadas. Hoje eu te digo: a legislação é tão permissiva, que eu acho que não tem mais como voltar atrás.
Cotas raciais
Às vezes, o debate resvala para uma espécie de guerra entre negros, brancos e amarelos. Não precisamos disso.
Nós precisamos nos constituir como um povo diversificado, mas é necessário que tenhamos políticas de cotas para suprir a mazela histórica em relação aos índios e aos negros. Quando a sociedade tiver um acúmulo de oportunidades para todos, não fará mais sentido termos cotas.
Reeleição
Sou favorável à ampliação dos mandatos para cinco anos e ao fim da reeleição. Hoje se faz o que é necessário para se reeleger, e não o que é necessário para o país.
União de gays
Não sou favorável ao casamento, mas defendo os direitos civis: que eles possam ter união de bens, plano de saúde conjunto e direitos assegurados aos outros. Não é justo que quem construiu o patrimônio junto não possa usufruir dele. Não concordo com o casamento porque entendo que é um sacramento. Tenho sido criticada por alguns segmentos, mas outros entendem a minha posição.
Aborto
Como tenho posição em defesa da vida, sou contrária ao aborto, mas defendo que se faça um plebiscito para que a sociedade brasileira decida.
Adoção por homossexuais
Não tenho ainda opinião formada. Vou ficar sempre a favor da criança. Seja casal homossexual ou hétero, [a adoção] sempre vai passar por uma avaliação técnica. Não tenho competência para fazer essa avaliação.
Liberação das drogas
Não sou favorável, mas também defendo um plebiscito. Não vou pelo discurso raso de dizer que as pessoas que defendem a liberalização das drogas são pervertidas ou destruidoras da sociedade, mas às vezes me tratam como se eu fosse fundamentalista.
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